sexta-feira, novembro 18, 2005

Envelhecer

60, 70, 80 anos... Tanto tempo!...
Em parte, toda a gente quer viver para sempre. Por vezes (poucas, espero), muita gente desejava nunca ter vivido. Eu,quando penso nisso, sou dividido por um sem numero de pensamentos que se degladiam na minha mente. Por um lado a vontade de viver para sempre, pelo outro, a outra...
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O que seria viver para sempre? Fazer 80, 100, 200 anos, cada vez mais velho? Ou viver para sempre, qual Dorian Gray, com o fulgor dos 20, 30 anos? Apesar de estas duas hipóteses estarem fora de questão, muito mais está esta última. Vivemos para sempre até morrermos, mas com o fulgor dos 20, 30 anos, isto passará, mais cedo do que nos apercebemos talvez.
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Dito por um rapaz de 21 anos pode parecer desesperado e de alguém que muito se preocupa e massacra com o futuro. Desenganem-se, não é o caso.
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Por saber que a VIDA passa num instante, e que, pior, antes de passar, talvez o melhor já tenha passado, tento fazer o máximo que posso, ser feliz. Se uma pessoa é feliz a olhar para uma parede branca, não tenho nada conta. Se eu sou feliz a fazer determinada coisa, não quer dizer que uma outra pessoa seja feliz a fazer exactamente o contrário. Às vezes custa a compreender, mas é preciso saber da existência de tanta gente diferente de nós.
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É quando passo por um velhinho na rua e penso nisto. Um velhinho, não um velho. Porque, como disse aqui uma vez, há velhos e velhinhos. Um dia destes estava com os amigos que moram comigo em Coimbra, em casa da nossa senhoria. Ela é velhinha. Estava sentade em frente a nós, e decidiu levanta-se, para fazer algo que não me recordo. Ela demorou quase um minuto até conseguir-se levantar, e quando o fez, falava devagr, arfando. Eu não quero isto! Não quero chegar a uma altura em que ouço mal, dói-me tudo, não consigo fazer nada. Não quero.
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As pessoas mudam, e também eu mudarei. Adquirirei outros gostos, se calhar vou passar a dar mais valor a estar em casa a ver TV com uma manta nas pernas e um aquecedor velho em frente, dia após dia, após dia. Mas não quero! Dificilmente me vejo numa situação assim a menos que esteja completamente resignado com a VIDA, à espera da morte. Parece um discurso um bocado mórbido, mas não é. Chamemos-lhe um desabafo.
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Em Setembro, conheci na Ericeira, em pleno mar, um senhor que já devia ter ultrapassado os 60 e estava, tal como eu, à espera duma onda. Quem sabe.
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