segunda-feira, novembro 28, 2005

Vícios

Antes de mais, o que é um vício? Algo de que gostamos? Algo de que gostamos e não conseguimos largar? Tem de ser nocivo? As definições gerais apontam para algo que gostamos, não conseguimos largar, prende-nos, pensamos nisso várias vezes... É mais ou menos assim não é? Então alguém que adora futebol,quer sempre jogar ou ver está viciado nisso? Alguém que não prescinde da sua corridinha todos os dias, está no trabalho a pensar nisso, não passa sem isso... Está viciado?
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Agora se pensarmos que tem de ser algo que faça mal. Aí estes dois exemplos já não se adequam. A menos que façam com que a pessoa abdique de outras coisas em prol de uma partida de futebol, ou uma corrida. Mas por outro lado, pode abdicar, simplesmente porque prefere correr, ou jogar futebol, do que fazer essa outra coisa, certo?
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Para mim, um vício não existe atér que o tentamos deixar. Isto é, se alguém fuma, pode fumar simplesmente porque gosta, não tem de estar viciado. Agora se tenta deixar e não consegue, ou consegue com muito custo, aí é outra história... Quem diz fumar diz outras coisas quaisquer. Por exemplo, ver televisão... É fácil dizer que se alguém não vem sair com a malta para ver tv, está viciado nesta. Até eu digo, não estou praqui a escrever armado em analista superior, apenas quero ver as coisas doutro ponto e vista. Mas não será que essa pessoa simplesmente prefere ver tv a sair??
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Mais uma vez... Se essa pessoa pensa: "Pá, quero sair, para a próxima saio e não fico a ver tv!" - mas efectivamente fica a ver tv nessa tal semana... Está... Sim, viciado! Digo eu, não é...(?).
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Tenho uma teoria muito própria quanto aos vícios... Se alguém fuma, por exemplo, já tentou deixar e não conseguiu (viciado, portanto), mas sente-se feliz a fumar, pois que fume! Para quê sacrificar-se a deixar e depois andar deprimido? Não interpretem mal, peço alguma abertura de mente para perceber esta perspectiva. Se não tiverem, paciência, também não me afecta muito:). Contudo, há dois senãos, creio... se o vício faz com que pessoas à sua volta sofram com isso, como o caso duns pais que sofrem pelo filho ser um agarrado à coca, sofrem emocional e financeiramente, há que pensar nisto... Não somos um sistema isolado. E o outro senão é se o vício é algo que nos consome desastrosamente. E o que é desastrosamente? Não sei, é como definir "normal", é sempre difícil. Mas imaginemos, por exemplo, alguém se injete com heroína todos os dias, e não passe sem isso por momento algum.
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E assim acaba a minha reflexão sobre os vícios. Não quero escrever mais. Espero que tenham gostado. Sinto-me simpático para os meus leitores blogueiros (sim, apesar de ter dito que não me afecta que pensem se não entendem o meu ponto de vista:)
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sexta-feira, novembro 18, 2005

Envelhecer

60, 70, 80 anos... Tanto tempo!...
Em parte, toda a gente quer viver para sempre. Por vezes (poucas, espero), muita gente desejava nunca ter vivido. Eu,quando penso nisso, sou dividido por um sem numero de pensamentos que se degladiam na minha mente. Por um lado a vontade de viver para sempre, pelo outro, a outra...
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O que seria viver para sempre? Fazer 80, 100, 200 anos, cada vez mais velho? Ou viver para sempre, qual Dorian Gray, com o fulgor dos 20, 30 anos? Apesar de estas duas hipóteses estarem fora de questão, muito mais está esta última. Vivemos para sempre até morrermos, mas com o fulgor dos 20, 30 anos, isto passará, mais cedo do que nos apercebemos talvez.
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Dito por um rapaz de 21 anos pode parecer desesperado e de alguém que muito se preocupa e massacra com o futuro. Desenganem-se, não é o caso.
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Por saber que a VIDA passa num instante, e que, pior, antes de passar, talvez o melhor já tenha passado, tento fazer o máximo que posso, ser feliz. Se uma pessoa é feliz a olhar para uma parede branca, não tenho nada conta. Se eu sou feliz a fazer determinada coisa, não quer dizer que uma outra pessoa seja feliz a fazer exactamente o contrário. Às vezes custa a compreender, mas é preciso saber da existência de tanta gente diferente de nós.
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É quando passo por um velhinho na rua e penso nisto. Um velhinho, não um velho. Porque, como disse aqui uma vez, há velhos e velhinhos. Um dia destes estava com os amigos que moram comigo em Coimbra, em casa da nossa senhoria. Ela é velhinha. Estava sentade em frente a nós, e decidiu levanta-se, para fazer algo que não me recordo. Ela demorou quase um minuto até conseguir-se levantar, e quando o fez, falava devagr, arfando. Eu não quero isto! Não quero chegar a uma altura em que ouço mal, dói-me tudo, não consigo fazer nada. Não quero.
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As pessoas mudam, e também eu mudarei. Adquirirei outros gostos, se calhar vou passar a dar mais valor a estar em casa a ver TV com uma manta nas pernas e um aquecedor velho em frente, dia após dia, após dia. Mas não quero! Dificilmente me vejo numa situação assim a menos que esteja completamente resignado com a VIDA, à espera da morte. Parece um discurso um bocado mórbido, mas não é. Chamemos-lhe um desabafo.
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Em Setembro, conheci na Ericeira, em pleno mar, um senhor que já devia ter ultrapassado os 60 e estava, tal como eu, à espera duma onda. Quem sabe.
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sexta-feira, novembro 04, 2005

Consciência


Quase toda a gente vive a sua VIDA como se nada se passasse. Isto é, quase toda a gente existe, sem saber que está a existir. Costumo usar muito o termo "autómato", para definir este espécime de humanos que tanto dominam as massas. Talvez tu próprio que lês ist, faças a tua VIDA sem pensar um momento no porquê. Alberto Caeiro hã? Pois ele não se dava muito ao trabalho de se questionar. Mas era feliz.
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E nós, conseguimos ser felizes assim? Se sim, é quanto baste. Mas eu próprio, gosto de vez por vez olhar para o espelho a fundo. Passar a pele, o músculo, não olhar para a minha imagem mas para dentro de mim. Tocar nas minhas mãos e senti-las, tocar em mim, sentir-me. Por isso gosto do frio, como já algumas vezes disse, porque o frio mostra-me as barreiras do meu corpo, lembra-me onde acabo e onde começo.
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Se olhamos a fundo para nós próprios podemos comunicar com o nosso interior mais facilmente. Saber o que queremos e o que não queremos, e como ser felizes atentando nas coisas simples da VIDA.

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