terça-feira, junho 22, 2004

Corrupção

Bem, aquilo de que vou falar é algo que talvez doa a muita gente, mas quem se doer, é porque bem não fez...

É uma coisa que sempre me meteu nojo, e sinto alguma repulsa por estes benefícios. Estou a falar daqueles colégios maravilha para onde os alunos medianos daqui vão, e chegam com média de 20! "Então Manel, quanto tiveste a Não Sei Quê?" "Ah tive 20! E ao resto também!" Que merda é esta? Temos muitos tipos de pessoas, mas vou focar-me em dois tipos... Temos a Maria, que mal consegue ter dinheiro para se vestir, que percorre não sei quantos kilómetros para ir para a escola, e quando desta chega ainda vai tratar dos irmãos. E quando consegue estuda um pouco e acaba por conseguir ter média 18,3. Depois há o Manel, um riquinho, que nunca fez um cu na VIDA, sempre teve média 16,não sei quê, vai para um desses colégios maravilha, a média sobe astronomicamente e acaba por ficar em 18,4. Decide ir para medicina, porque pode (!) e passa à frente da Maria, que sempre alimentou esse sonho (por exemplo).

Estão a perceber a minha questão? Qual é o sentido disto? Isto é corrupção pura, e devia acabar-se com esta merda. Aumentar o número de fiscais, sei lá, tomar medidas. Isto não faz sentido... Os ricos podem e os outros não? Isto não devia ser igual para todos?

Claro que não vou estar a dizer quem é que conheço que fez ou deixou de fazer, porque estou a atacar um grupo de pessoas que faz determinadas coisas, e não esta ou aquela; e não é esse o objectivo do blog.

PS-Atenção, há colégios e colégios, não estou a dizer que qualquer colégio privado é assim. Estou a falar dos colégios maravilha, que transformam alunos de 16 em alunmos de 20, onde se chegava a escrever as ecolhas multiplas no quadro em plenos exames nacionais.
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Emigrantes Ilegais!...

Para quem não sabe, morreu ontem um inglês, assassinado com uma facada no coração, em plena Rua Augusta... E eu pergunto-me... Porquê?

Com este acontecimento, toda a gente envolvida perdeu ontem. Primeiro, o inglês, perdeu a VIDA, quando só tinha 27 anos!... Depois, perdeu o filho da puta que o matou, um ucraniano que vai apanhar uma pena de provavelmente mais de 20 anos (espero eu). E perdeu Portugal, que viu este acontecimento niticiado (obviamente) por todo o mundo. Agora que é que as pessoas pensam da segurança dum país onde alguém apanha uma facada em plena baixa da capital?

E o mais irónico, nem foi um português! Foi um cabrão que estava aqui ilegalmente há mais de meio ano. Carteiristas. Quem me conhece sabe que não sou racista, nem xenófobo ou preconceituoso de qualquer outro tipo. Contudo, acho que imigrantes em Portugal, se passado 2 ou 3 meses não tivessem emprego, eram mandados embora! Não sei se efectivamente funciona assim, mas caso não seja, acho que devia ser. Quando vejo pedintes que vêm da Europa do Leste, fico estupefacto! Para ser pedinte, podiam ter ficado lá! Qual é o sentido? Bem, foi um desabafo.
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segunda-feira, junho 21, 2004

Apoio

Portugal ganhou ontem 1-0!... Espectacular ver o país todo unido, nervoso, à espera do apito final. Antes, na altura do golo, quase ninguém queria acreditar, quando o Nuno Gomes preferiu chutar em vez de fazer tabela. As pessoas aos gritos a festejar, tudo por um jogo de futebol... E ainda bem!Éste é o lado positivo do futebol, esta capacidade de unir as pessoas.

Agora há que perguntar, será que se tivessemos perdido as pessoas mantinha-me a apoiar a seleção? Claro que não íamos festejar a derrota, não é essa a questão. A questão é de que maneira íamos reagir perante a derrota. É na adversidade que se veêm as coisas. Tomo por exemplo a maneira como reagiram os
espanhois, que não foi nada boa. Tão não foi boa que a notícia que estava no jornal "A Marca" ontem à noite não é a mesma que está hoje. Falavam no enésimo fracasso, que nunca vão a lado nenhum, e uma série de críticas, que até foi melhor assim porque assim não se iam iludir mais.

Claro que estar do lado de Portugal não estar convencido que vamos ganhar o próximo jogo. Eu, por exemplo, não estava muito convencido que Portugal ganhasse. Mas não ia dizer que somos uma merda, simplesmente por perder um jogo!...

Enfim, a questão aqui é pensar que é bonito o apoio a Portugal quando ganhamos, mas também devemos apoiar quando perdemos.*
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terça-feira, junho 15, 2004

Suicídio

Um poema de Florbela Espanca, dum livro que comprei em Coimbra.

"EU

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte,
Sou a crucificada... a dolorida.

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!"


Decidi publicar aqui, porque está lindo, e chama a atenção para a tristeza. Ela acabou por se suicidar, para quem não sabe. Será que o suicídio é a melhor maneira de deixar de sofrer? Será que é uma atitude cobarde, ou que requere muita coragem? Acho que pode ser interpretado das duas maneiras; é cobarde pois é fugir das coisas, é corajoso, porque efectivamente requere um sangue frio e coragem...

Ainda assim, é um assunto que perturba. Sempre tive a ideia que o suicídio é uma coisa que só a pessoa que o comete tem a ver, a vida é dela, ela é que sabe. Mas quando aqui há tempos um vizinho se suicidou e fomos a casa dele dar os sentimentos aos familiares, fiquei... Chocado é muito forte, mas fiquei algo perturbado. Não será um acto de puro egoísmo também, pelas pessoas que deixamos para trás?... Por outro lado, o suicida de certeza que sabe isso, mas provavelmente não aguenta mais e espera que o compreendam... Há sempre duas maneiras de ver as coisas...

E será que não é melhor tentar dar sempre a volta por cima, esforçar-se?... Eu digo isto, mas são meras opiniões, porque nunca devo ter sentido uma ínfima parte do desespero que essas pessoas provavelmente sentem. Por isso, se calhar até estou a ser injusto, por falar sem saber. Assim explico que é só a minha opinião, desprovida de qualquer prepotência.
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segunda-feira, junho 07, 2004

Lua, Terra, Sol

"Porque é que a lua gosta tanto da Terra? Vive assim, num amor platónico, se sabe que nunca lhe vai poder tocar sem a destruir?... Há coisas assim... que são tão belas que não nos atrevemos a fazer mais do que simplesmente admirar, como se ao ultrapassar a barreira do olhar, a destruíssemos totalmente.

A Terra gosta também da lua, embora nunca lho mostre. Gosta de se ver ao espelho no reflexo de lua cheia, da luz que lhe dá à noite e da maneira como não aparece quando não lhe apetece. Gosta das cócegas que sente quando as ondas num reboliço impelidas pela lua tentam chegar ao céu. Mas também sabe que nunca se poderão tocar e sente o terrível dilema entre a lua e o sol. A lua tem ciúmes do sol... Tem ciúmes da maneira como ele é necessário para a VIDA da Terra, como esta para a VIDA da lua. Tem ciúmes, porque gostava de ser assim necessária, e por isso desaparece uma vez por mês, vai chorar sem ninguém ver. Claro que o sol também tem ciúmes da lua, tem ciúmes da distância a que esta se encontra da Terra podendo quase sentir seu aroma, tem ciúmes por esta já ter tido tantas vezes os filhos da Terra, os homenzinhos que dão pequenos passos e grandes para a humanidade.

Vez por vez, o sol e a lua reunem-se, e ficam ambos zangados com a Terra, por não se decidir por nenhum deles, e castigam-na, com um eclipse que deixa a Terra confusa por não saber se é dia ou noite.

A Terra não se decide nem nunca o fará, vive entre estes dois amores, sentindo também ciúmes e inveja de cada. Tem inveja da paz da lua, a maneira como não tem vulcões a brotarem-lhe da face e da maneira como se dá ao luxo de aparecer e desaparecer quando quer. Tem inveja do sol, pela sua potência, a maneira como tem tantos corpos celestes dependentes de si.

A Terra trai o namoro que não existe com a lua, com beijos esporádicos inexistentes ao sol.
Eu gosto de eles os três.Espero que gostem de mim."



Texto extraído do meu caderninho "Noites ao Luar", de 13 Setembro 2003, Sexta, 1h31.
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